Assembleia Municipal de Caldas da Rainha dia 21 de Fevereiro às 21h, não houve "21 às 21" por ser dia de Carnaval, mas houve assembleia Municipal Extraordinária e o MVC fez-se representar através da sua Presidente com a seguinte intervenção:
INTERVENÇÃO DO MOVIMENTO VIVER 0 CONCELHO (MVC)
Boa noite, meus senhores e minhas senhoras, permitam-me que dispense as formalidades. Afinal todos estamos aqui, como caldenses e é como caldense que vos quero falar.
Começo por lembrar como esta cidade era importante no início dos anos setenta… Estive a estudar em Leiria e nessa altura Caldas da Rainha parecia mais a capital de distrito do que aquela cidade.
Caldas era uma cidade cosmopolita, desenvolvida comercial, industrial e culturalmente. Havia mesmo quem disse-se que o seu “azar”, era estar tão perto de Lisboa, ou poderia passar a ser a capital de distrito.
É certo que os tempos mudaram, no entanto não posso deixar de acentuar o enorme retrocesso na relevância da nossa cidade no país. Basta vermos a falta de indicação da nossa cidade nas placas das auto-estradas, e vermos por outro lado, ainda hoje, placas bem antigas a indicar Caldas da Rainha, nalgumas localidades limítrofes de Lisboa.
Como cidade termal, tendo as mais antigas termas da Europa, não aproveitámos minimamente o novo incremento, que têm tido as termas pelo país fora, onde pequenas terrinhas se têm desenvolvido, baseadas nessa temática. Até as feiras onde fomos pioneiros e que tantos forasteiros traziam à cidade, acabaram por definhar, enquanto outras que se fizeram depois, e recolhida a nossa experiência, são hoje fonte de desenvolvimento das suas terras.
Com este preâmbulo quero chegar ao grande problema da nossa cidade: ser governada por dois “senhores”, de um lado o poder autárquico, e, por outro, o poder do Hospital, proprietário dos ex-líbris da cidade. As consequências deste poder bipartido, estão à vista de todos!
Caldas da Rainha nasceu sobre uma fonte de vida, a sua origem deve-se mesmo a esse desígnio, pela sua localização continua a poder ser um centro prestador de serviços de saúde e promoção de uma melhor qualidade de vida para as populações vizinhas. É sempre agradável ouvir, ainda hoje, muitas mães de concelhos vizinhos, manifestarem um carinho especial pelas Caldas, pois os seus filhos nasceram no nosso hospital.
Não pode pois o poder, dividir o “espólio” das valências hospitalares, como quem distribui cartas num jogo de sueca, onde os ases e as biscas ficam nas mãos dos “jogadores” mais poderosos, ficando mais uma vez as Caldas apenas com os duques, continuando também a perder neste sector, a importância e protagonismo de outros tempos.
Ainda há pouco tempo, os partidos candidatos às eleições legislativas, defendiam a construção de um novo hospital, todos opinavam sobre a construção do hospital oeste norte, sempre com a preocupação de agradar o mais possível ao seu eleitor.
Com a crise existente, vivemos momentos de grande dificuldade, houve muitos erros, muito má gestão, muita falta de planeamento e de competência, mas não se podem corrigir erros com outros erros, e muito menos colocar aspectos económicos e financeiros, acima da saúde e da vida dos cidadãos.
A nossa democracia precisa de uma nova ordem em que as populações, maiores vítimas da crise, têm de estar entre as preocupações principais.
Os partidos, fundamentais em democracia, continuam a mostrar-se manietados por interesses e jogos de poder, não debatem ideias, não reflectem, não tomam decisões ouvindo as bases, ouvindo os cidadãos que pretendem representar, ou melhor de quem pretendem apenas o voto. Enquanto cidadãos independentes, como MVC – Associação Movimento Viver o Concelho – temos que expressar a nossa desconfiança, face à procura de protagonismos ou à troca de acusações entre partidos, que parecem mais preocupados com o aproveitamento que podem tirar desta situação, do que propriamente com a defesa do bem comum e o interesse dos cidadãos.
As decisões estão cada vez mais prisioneiras de cúpulas, de interesses, muitas vezes com propósitos diferentes dos seus padrões ideológicos, que lançam a confusão, o descrédito e a desesperança, porque as ditas preocupações sociais, que dizem possuir, são de mera fachada.
A saúde, a qualidade e a esperança de Vida, têm que ser prioritárias e estar acima de interesses de qualquer espécie. A sintonia das decisões tem que se centrar na resolução das necessidades, dos que efectivamente mais precisam e quando se trata de saúde, nunca se sabe qual de nós precisará primeiro!
Trata-se de uma questão que a todos deve preocupar e mobilizar em uníssono, claro que compete aos agentes do poder local uma palavra fundamental quanto a esta reforma, e reiteramos aqui a sua responsabilidade na defesa dos interesses dos cidadãos que os elegeram e daqueles que mesmo não os tendo elegido, têm que ser por eles representados.
Este é o momento de deixarmos de ser “águas mornas”, de tudo consentirmos, há que defender efectivamente o direito à saúde e porque não a importância efectiva das Caldas da Rainha na região.
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