EVENTO ABRAÇAR A DIFERENÇA – PONTOS
DE REFLEXÃO
Para
assinalar a efeméride do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que
ocorreu no dia 3 de Dezembro, a Associação MVC – Movimento Viver o Concelho,
associação cívica organizou o evento a que designou Abraçar a Diferença. Com o
mote “defendemos que é conhecendo as diferenças que podemos lutar pela
igualdade de todos”, o evento teve como principal objectivo sensibilizar para a
importância da Inclusão da Pessoa com Deficiência na sociedade.
O evento Abraçar a Diferença
consistiu numa apresentação/divulgação de testemunhos de vida, onde os
convidados procuraram responder a três questões fundamentais:
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Como
é viver com a deficiência?
·
Como
me adaptei/adapto às minhas limitações?
·
Como
é viver numa cidade/concelho de Caldas da Rainha?
Os
testemunhos de vida apresentados foram na primeira pessoa, cidadãs e cidadãos
com deficiência, acometida por diferentes patologias tais como lesões vertebro
medulares, esclerose múltipla, cegueira, paralisia cerebral e o autismo.
E
porque acima de tudo o mais importante é partilhar os contributos gerados, continuando
desta forma a promover a sensibilização para esta problemática, vimos por este
meio apresentar as principais ideias em que vale a pena reflectir e discutir:
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Apesar
de existir legislação específica na defesa dos direitos da pessoa com
deficiência, o estado português e a sociedade ainda hoje não criou as condições
efectivas para uma inclusão social da pessoa com deficiência;
·
Tem
sido tido em conta alguns aspectos que permitem a acessibilidade e a inclusão
nas Caldas da Rainha. As obras de regeneração urbana contemplam por exemplo o
rebaixamento dos passeios junto às passadeiras, diminuindo assim um grande
obstáculo para quem apresenta deficiência física/funcional;
·
Nem
tudo está mal nas Caldas da Rainha, contudo há pontos na cidade que são
críticos:
·
Zona
da Exposte, não existe estacionamentos para deficientes e as casas de banhos
destinadas à pessoa com deficiência só há bem pouco tempo é que foram colocados
apoios na sanita, depois de um dos participantes ter referido esse facto várias
vezes junto dos entidades competentes. Ainda assim, existe uma parede que impede
fechar a porta da casa de banho, se a pessoa se deslocar em cadeira de rodas;
·
O
Tribunal de Caldas da Rainha, apesar de ter rampa de acesso a pessoas com
deficiência, com descansos entre os declives, depois na entrada principal tem
um degrau, acompanhado de outro no seu interior;
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O
acesso à Câmara Municipal, faz-se por uma rampa que tem uma extensão elevada,
sem zona de descanso a meio, o que implica ter força de braços para movimentar
uma cadeira de rodas;
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Tanto
o Tribunal, como a Câmara Municipal, como a Igreja, têm rampas de acesso ao
interior, contudo, todos os passeios na periferia não são rebaixados junto às
passadeiras, o que limita o acesso a estes;
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A
mobilidade nos transportes públicos é quase impossível para uma pessoa que se
desloque numa cadeira de rodas;
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As
passadeiras, no sentido de serem detectadas por um invisual, deveriam ter junto
ao início destas, uma placa metálica, para facilmente serem identificadas;
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Muitas
vezes as obras em curso não são realizadas com a devida segurança, quer para os
trabalhadores, quer para quem se desloca nas imediações. Muitas vezes ficam
buracos sem qualquer barreira de protecção, podendo originar sérios perigos;
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As
caixas de electricidade muitas vezes ocupam os passeios, bem como os postes de
electricidade, em vez de estarem embutidos nas paredes, dando liberdade de
circulação pelos passeios;
·
Caldas
da Rainha, com as estruturas desportivas que apresenta, podia e deveria apostar
no desporto adaptado para as pessoas com deficiência, podendo ser um polo
atractivo de desenvolvimento. Uma pessoa com deficiência que queira praticar
desporto nas Caldas da Rainha tem muitas dificuldades onde nalguns casos até os
acessos a pessoas com deficiência são inexistentes;
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Muitas
vezes para além da falta de acessibilidades, a falta de civismo impera na nossa
cidade e os estacionamentos em cima dos passeios ou até nos locais destinados a
estacionamento para pessoas com deficiência são problemas que muitas vezes
condicionam a mobilidade.
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Os
pais de uma criança com deficiência vêem-se muitas vezes desamparados, sem
apoios e sem capacidade de cuidar devidamente e promover a educação dos seus
filhos;
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O
Centro de Educação Especial Rainha Dona Leonor, instituição que trabalha nesta
área não consegue dar resposta a todas as situações ou existe uma inadequação
das respostas a quem delas precisa;
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Existe
uma grande incompreensão nas deficiências cognitivas e do comportamento. A
nossa sociedade está pouco sensibilizada para problemas como o espectro do
autismo, onde a deficiência física não existe, contudo as implicações são tão
ou mais graves como uma deficiência física;
·
A
inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é sempre
dificultada. Por muito bom currículo que se tenha e capacidades especiais, não
existe abertura por parte das entidades empregadoras;
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Toda
a sensibilização para esta temática é pouca. Devemos pensar que um dia poderá
acontecer a nós ou a um familiar nosso. Promover a inclusão da pessoa com
deficiência será sempre uma prioridade, porque hoje os outros, amanhã poderemos
ser nós próprios;
·
Seria
interessante aquando são realizadas obras com vista a promoverem a
acessibilidade à pessoa com deficiência, serem ouvidos os utilizadores nas
mesmas, antes da sua construção. Evitavam-se erros arquitectónicos graves;
·
Caldas
da Rainha tem tido alguma sensibilidade nestas questões, mas ainda existe muito
por fazer no âmbito das acessibilidades e inclusão da pessoa com deficiência.
Podemos
concluir que o evento “Abraçar a Diferença” contribuiu para sensibilizar os
presentes (cerca de 60 pessoas) para esta problemática, tornando-se num momento
de partilha, discussão e reflexão. Sensibilizar para estas questões nunca é
demais e este evento recebeu muitos elogios na forma como decorreu e como
serviu para demonstrar um acto de cidadania da Associação
MVC, que prima por essa máxima!
Associação Movimento Viver o Concelho